14.8.08

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Introspecção
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Não há virtude ou vicio que venha de fora –
Tudo o que é fato ou artifício vem de dentro,
E a partir do ventre tal ato aflora
Modificando o meio de que somos centro.
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Eu faço o espaço que me exterioriza,
Eu sou o estado concreto do que existe.
Eu crio o vazio que me interioriza.
Eu derribo a vida, e a coloco em riste.
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Eu sou o responsável pelo meu pesar
E o peso da minha responsabilidade.
Eu sou o meu pouso e o meu decolar
E o declínio da minha verticalidade.
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Eu sou meu descaso e minha convicção,
Sou o meu descanso e a minha ânsia.
Eu sou minha sentença e minha redenção,
A minha miséria e a minha abundância.
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Eu sou meu próprio agente patogênico
E o vetor da moléstia que me assola.
Eu todo sou o produto transgênico
Do organismo endêmico que em mim se isola.
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E sou também meu próprio tratamento (sem morfina)
E o princípio ativo de todo remédio.
Sim, eu sou a minha própria medicina
Sem a mínima necessidade de intermédio.
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Eu crio a realidade do que me acontece
E eu creio que pra muitos isso é frenesi.
Queria que a cria de Deus se conhecesse...
Eu cria no homem, mas o homem não crê em si.
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